Principais tipos e as causas do Diabetes Mellitus

Principais tipos e as causas do Diabetes Mellitus

Os termos Diabetes Mellitus derivam do latim. Mellitus significa “aquilo que contém mel” ou “doce como mel”. E diabetes remete à ideia de “passar por” ou “através”, numa referência a uma das mais freqüentes sintomatologias dessa doença crônica: o aumento do açúcar na urina. Mas você sabia que há vários tipos e as causas do Diabetes Mellitus?

Quando não tratado adequadamente, o DM (abreviatura usada para se referir a essa doença) tem como principal característica o persistente nível alto de glicose (açúcar) no sangue, conhecido como hiperglicemia. Isso ocorre devido a distúrbios metabólicos ligados à insulina, um hormônio que regula os níveis de glicose no sangue e garante energia para o organismo. O diabetes pode decorrer tanto pela falta quanto pela insuficiência de produção de insulina pelo pâncreas.

Principais tipos e as causas do diabet

 

Tipos mais frequentes de diabetes

A causa desse distúrbio metabólico é heterogênea, ou seja, tem ligação com fatores genético, biológico e ambiental. Existem diversos tipos de diabetes, como explica a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Os mais prevalentes são o DM tipo 1 e o DM tipo 2.

O DM tipo 1 aparece mais frequentemente na infância e adolescência. No entanto, o seu diagnóstico também pode ser feito na fase adulta.Urinar em excesso e apresentar aumento da sede, da fome e perda de peso estão entre os sintomas mais frequentes.

Esse tipo ocorre devido à destruição autoimune (ou seja, pelo próprio sistema imunológico do indivíduo) das células do pâncreas que secretam a insulina. Como já foi dito, esse hormônio regula a entrada de glicose na célula, sendo sua fonte de energia. Quando a insulina está em falta, a glicose se acumula no sangue e provoca a hiperglicemia.

O DM tipo 2 afeta principalmente indivíduos após os 40 anos de idade. É o tipo mais comum, correspondendo de 90% a 95% dos casos. Também pode desencadear os sintomas clássicos (excesso de sede, necessidade de urinar com maior frequência, aumento da fome e perda de peso não intencional). Na maioria das vezes, porém, não há sintomas, por isso é necessário fazer exames de rotina.

Esse tipo da doença ocorre por uma combinação de fatores, que se inicia com resistência à insulina nos tecidos, o que diminui a captação de glicose pelas células. Em seguida, há diminuição da secreção de insulina. É importante notar que uma grande parcela dos casos (entre 80% e 90%) está associada a fatores como excesso de peso e estilo de vida inadequado. Isto significa que o quadro é REVERSÍVEL, principalmente se for detectado no estágio inicial da doença, conhecido como pré-diabetes. Portanto, a principal dica para enfrentar o problema é mudança eficiente do estilo de vida, incluindo perda de peso.

A alteração no estilo de vida é uma alternativa extremamente benéfica e comprovada pelas mais renomadas sociedades médicas internacionais.  A aderência a estilos de vida saudáveis pode reduzir em 58% a incidência de DM tipo 2. Além disso, no longo prazo, essa medida proporciona diversos outros benefícios, entre os quais a prevenção de risco cardiovascular e melhora na qualidade de vida.

 

Controle da glicemia

Agora que você já sabe quais sãos os principais tipos e as causas do Diabetes Mellitus é importante ficar atento ao manejo adequado dessa condição de saúde. Nos dois tipos de diabetes, a hiperglicemia (excesso de glicose no sangue) e a hipoglicemia (diminuição da glicose no sangue abaixo de 70 mg/dL) são episódios que podem ocorrer. Ambas as situações envolvem complicações e devem ser tratadas de maneira efetiva.

A hiperglicemia persistente pode acarretar complicações macrovasculares (aterosclerose) e microvasculares (como lesões na retina, rins, cérebro). Dados populacionais mostram que o risco de complicações microvasculares é de 10 a 20 vezes maior em pacientes diabéticos. Quanto às macrovasculares, o risco fica entre 2 e 4 vezes maior. Por isso, é fundamental monitorar com frequência a glicemia, adotar um plano alimentar individualizado e fazer acompanhamento com a equipe de saúde.

Já a hipoglicemia, na maioria das vezes, tem sintomas mais claros, como tremor, palpitação e confusão mental. Por conta disso, esse quadro pode ser identificado mais facilmente. Detectados esses sintomas, é muito importante equilibrar os níveis de açúcar de maneira correta e rápida. Isso pode ser feito com o consumo de 15 g de carboidrato de rápida absorção (monossacarídeos) ou 15 g de açúcar simples. Ou seja, o equivalente a 3 balas de caramelo; ou 1 colher (sopa) rasa de açúcar; ou 150 ml de bebida adoçada; ou 1 unidade de gel de glicose.

Se a correção for realizada com outros tipos de alimento que contenham gorduras, proteínas ou fibras, como pão com manteiga ou uma refeição (arroz, feijão e carne), a absorção da glicose será mais lenta e, consequentemente, o organismo não se recuperará tão rapidamente desse episódio.

Por outro lado, o consumo em excesso de açúcar para a correção da hipoglicemia pode ocasionar a transição para a hiperglicemia. Por isso, é necessário usar a dose exata e aguardar 15 minutos para verificar se será necessário refazer o procedimento. Caso os episódios de hipoglicemia e hiperglicemia sejam recorrentes, a recomendação é procurar o médico imediatamente.

 

Referências:

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