A nutrição do pré-escolar de 2 a 7 anos

A nutrição do pré-escolar de 2 a 7 anos

A nutrição do pré-escolar de 2 a 7 anos deve levar em consideração que, nesta fase, o crescimento é mais lento que nos dois primeiros anos de vida, voltando a acelerar apenas na adolescência. Em consequência, ocorre uma diminuição do apetite, e o comportamento alimentar da família é determinante para a manutenção do hábito alimentar da criança de forma adequada nessa fase.


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O comportamento do pré-escolar pode ser imprevisível e variado. A quantidade de alimento ingerido por ele pode oscilar, sendo grande em alguns períodos e nulo em outros. Pode acontecer de ele querer ingerir um único alimento por vários dias. Ou que o alimento favorito de hoje seja inaceitável amanhã. Outra dificuldade dessa fase é que a criança costuma se distrair mais com o que acontece à sua volta e com as brincadeiras e tirar sua atenção das refeições.


Mesmo crianças que comiam bem até os dois anos podem recusar alguns alimentos nessa fase. Essa é também a etapa em que elas costumam mostrar alguma dificuldade em aceitar ou experimentar novos alimentos (comportamento chamado de neofobia).


O apetite é variável, momentâneo e depende de vários fatores, entre eles, idade, condição física e psíquica, atividade física, temperatura ambiente. Até o que a criança comeu na refeição anterior interfere: se esta foi muito calórica, na seguinte seu apetite pode ser menor. Criança cansada ou superestimulada com brincadeiras pode não aceitar a alimentação de imediato.


Não é raro que a criança use a hora da refeição para chamar a atenção para algo que não está bem, dessa forma, recompensas, chantagens, subornos, punições ou castigos para forçá-la a comer devem ser evitados, pois podem reforçar a recusa alimentar.


A reação dos pais a todas essas questões é fator muito importante na formação do hábito alimentar e nas preferências da criança. Algumas estratégias podem ajudar a garantir a nutrição do pré-escolar de 2 a 7 anos, como as sugeridas a seguir:




  • A comida deve ser oferecida num ambiente tranquilo, sem televisão ligada ou outras distrações como brincadeiras e jogos. É importante que a atenção esteja centrada no ato de se alimentar para que o organismo possa desencadear seus mecanismos de saciedade. Evite demonstrar ansiedade ou expectativa para que ela coma.



  • Embora nessa fase seja necessário estabelecer horários regulares para as refeições, sempre é possível flexibilizá-los em função do apetite da criança e de seu convívio social.



  • Legumes e verduras devem ser colocados no prato da criança no almoço e no jantar, mesmo que ela diga que não irá comer. Para auxiliar na redução da neofobia alimentar é importante a exposição frequente do mesmo alimento, mas procure apresentá-lo de formas variadas e em preparações diferentes. A monotonia alimentar é um fator que pode contribuir para a redução do apetite e o desinteresse da criança. Lembre-se: uma alimentação equilibrada deve ser composta por refeições coloridas, com diferentes texturas e formas, tornando o prato atrativo para a criança. Embora seja desaconselhável fazer que a criança aceite os alimentos somente se estiverem enfeitados.



  • Alimentos ricos em ferro, cálcio, vitamina A e D, zinco e fibras são essenciais nessa fase da vida. Priorize preparações adequadas ao desenvolvimento da criança, como carnes assadas, cozidas, desfiadas, sempre macias, em porção de fácil consumo. Por exemplo: as necessidades diárias de proteína e cálcio podem ser satisfeitas com dois copos de leite, uma porção de carne ou um alimento alternativo como queijo ou ovo. A vitamina A pode ser encontrada em cenoura, gema de ovo ou leite integral. A vitamina C está presente em frutas cítricas, tomate e vegetais verdes. O cálcio, essencial para a formação dos ossos, pode ser encontrado em laticínios, brócolis, feijão e salmão, entre outros.



  • A alimentação deve ser lúdica. Refeições em família, com a participação ativa da criança no preparo dos alimentos (estimulando sua curiosidade pelos aromas, texturas, cores e sabores) e o incentivo à sua autonomia para se alimentar são excelentes estratégias na formação de bons hábitos alimentares.



  • Refeições e lanches devem ser oferecidos em horários fixos diariamente. Um grande erro é oferecer ou deixar a criança alimentar-se sempre que deseja, pois, com isso, ela não terá apetite no momento das refeições. O intervalo entre uma refeição e outra deve ser de duas a três horas. É importante também estabelecer um tempo definido de início e término da refeição.



  • O tamanho das porções no prato deve estar de acordo com o grau de aceitação da criança. O ideal é oferecer uma pequena quantidade de alimento e perguntar se ela deseja mais, e não obrigá-la a comer tudo o que está no prato.



  • Ofereça a sobremesa como mais uma preparação da refeição, evitando utilizá-la como recompensa pelo consumo dos demais alimentos. A sobremesa deve ser de preferência uma fruta.



  • A oferta de líquidos nos horários das refeições deve ser controlada. Suco, água e, principalmente, refrigerante distendem o estômago e podem estimular a saciedade precoce. O ideal é oferecê-los após a refeição, dando preferência à água.



  • Salgadinhos, balas e doces devem ser evitados. No entanto, uma atitude radical de proibição pode levar a um maior interesse da criança pelas guloseimas. O ideal é que os pais expliquem o que o consumo inadequado pode trazer de prejuízo; que doces e salgadinhos podem ser consumidos em horários adequados e em quantidades suficientes para não atrapalhar o apetite da próxima refeição.



  • A criança deve ser confortavelmente acomodada à mesa com os outros membros da família. A aceitação dos alimentos se dá não só pela repetição à exposição, mas também pelo condicionamento social, e a família é o modelo para o desenvolvimento de preferências e hábitos alimentares.



  • A criança deve ser encorajada a comer sozinha, sempre com supervisão para evitar engasgos. É importante deixá-la usar as mãos e não cobrar limpeza no momento da refeição. Quando souber manipular adequadamente a colher, pode-se substituí-la pelo garfo.


Referências:


Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos.


Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. Brasília, 2019.


Manual de alimentação: orientações para alimentação do lactente ao adolescente, na escola, na gestante, na prevenção de doenças e segurança alimentar. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. 4ªedição. São Paulo, 2018.


Thousand days. Why 1000 days. Washington, DC: Thousand days; 2018.

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