Alimentos orgânicos: o que são e como identificá-los
Muita gente começou a ouvir falar dos produtos orgânicos somente nos últimos anos. Não é por acaso. Afinal, o tema ganhou visibilidade em tempos atuais graças à crescente preocupação das pessoas com a saúde e à busca por uma alimentação mais consciente e comportamentos sustentáveis, em harmonia com a preservação do ambiente.
Entretanto, o termo “agricultura orgânica” já tem chão. Ele apareceu na década de 1920, com o surgimento de movimentos que contestavam o uso da adubação química e defendiam cultivos com base em processos biológicos naturais.
No mundo, essa técnica de cultivo já conquistou espaço em cerca de 120 países. Em nações europeias – como Áustria, Suíça e Suécia –, ela já ocupa cerca de 10% das terras cultiváveis.
No Brasil, o cultivo orgânico começou a conquistar adeptos a partir dos anos 1980 e desde então vem ganhando força ano a ano. Estimativas apontam que já existem 17 mil propriedades em todo o país dedicadas a essa prática e devidamente certificadas. Em sua maior parte, são pequenos produtores.
Mas, afinal, o que são orgânicos?
Quando se fala em orgânicos, a maioria das pessoas associa o termo apenas a produtos livres de agrotóxicos ou adubos químicos. É isso, sim, mas não somente. Para fazer jus a essa classificação, o alimento deve ser produzido sem o emprego também de drogas veterinárias, hormônios, antibióticos e os Organismos Geneticamente Modificados (OGM, também chamados transgênicos).
Estranhou alguns desses itens? Então, vale esclarecer que não apenas produtos vegetais podem ser orgânicos. O conceito engloba também produtos de origem animal, como ovos, carnes, camarões e laticínios. A lista é ampla, tem até refrigerante e produtos industrializados feitos com ingredientes orgânicos, como açúcar, pães, biscoitos, molho, geleias e outros.
No caso dos produtos de origem animal, estes devem ser criados sem receber anabolizantes, antibióticos e hormônios. Para entender melhor, uma granja convencional cria frangos de linhagens comerciais geneticamente selecionadas para se obter uma alta taxa de crescimento, e para isso emprega métodos intensivos e uso irrestrito de antibióticos.
Já no caso dos orgânicos, as aves são criadas livres, com acesso a uma área de pastejo e, preferencialmente, sem receber antibióticos. Nessas condições, a ave tem crescimento mais lento. Esse modelo de criação resulta numa carne de textura mais firme, sabor diferenciado e com maior concentração de nutrientes.
Identifique o selo dos alimentos orgânicos
A lista dos alimentos que integram esse grupo cresce a cada dia, tanto com produtos in natura como com processados. Por isso, para ter certeza de que você não está levando gato por lebre, é preciso ficar atento.
A melhor forma de acertar na compra é verificar se a embalagem traz o selo de certificação do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SisOrg), concedido por certificadora credenciada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No caso de pequenos produtores familiares, que vendem seus produtos diretamente em feiras, você deve pedir para verificar a Declaração de Cadastro junto ao MAPA. Hotéis e restaurantes que trabalham com ingredientes orgânicos também precisam divulgar a listas destes para o consumidor.
Para receber o selo de produto orgânico, além de comprovar a não utilização agrotóxico ou de qualquer outro componente químico, o produtor tem que demonstrar que desenvolve suas atividades respeitando os direitos dos trabalhadores e o meio ambiente ao longo de todo o processo de produção (preparação do solo, plantio, escolha de sementes e mudas e colheita) e escoamento de sua safra (manuseio, transporte, processamento e comercialização).
Já produtos processados ou industrializados precisam se adequar também a outras regras para receber o selo. A principal delas determina que 95% dos ingredientes usados na fabricação do produto devem ser originários de agropecuária orgânica. Se esse percentual ficar entre 70% e 95%, ele deve exibir no rótulo a identificação de “produto com ingredientes orgânicos” e listar os ingredientes não orgânicos utilizados ali. O fabricante ainda precisa estar atento para evitar possíveis contaminações indesejadas durante o processamento.