As comidinhas que fazem sucesso de norte a sul do Brasil

As comidinhas que fazem sucesso de norte a sul do Brasil

Carne de onça, xis gaúcho, buraco quente, bolovo, francisquito. Se esses nomes parecem estranhos para uma parcela de brasileiros, para outra, eles dão água na boca. Sim, estamos falando de comidinhas.Na hora do lanche, o Brasil serve um banquete e tanto. Cada região tem um quitute – ou vários! – que arrebanha legiões de fãs. Em nossa pesquisa, selecionamos 49 dessas delícias! Confira:


REGIÃO SUL


Rio Grande do Sul


Cuca: Trata-se de uma espécie de pão doce feita em forma de tabuleiro, típico da culinária europeia e bastante difundido nos estados do Sul, não apenas entre os gaúchos. Pode ser recheado com frutas, geleias, chocolate ou goiabada. Na versão que puxa para a tradição alemã, a cuca é mais baixinha. A que segue a inspiração italiana é mais alta e traz uma farofa doce e crocante por cima.


Xis gaúcho ou xis: O sandubão dos gaúchos é uma versão local bem particular do cheeseburger. Para começar, o pão tem cerca de 20 centímetros de diâmetro. No recheio vai alface, tomate, milho, ervilha, queijo, ovo, maionese e coração de frango! Essa é a versão mais consumida, mas também se pode pedir outro tipo de carne (filé, picanha, calabresa, camarão, bacon...). Depois de pronto, o sanduíche é prensado, com pão e tudo.


Santa Catarina


Cacuanga: Bolinho de origem indígena, preparado com mandioca, amendoim e açúcar, pode ser cozido ou assado. A massa é enrolada em folha de bananeira, como se fosse uma pamonha.


Pastel de berbigão: A massa é a mesma do pastel consumido no Brasil inteiro. O detalhe regional está no recheio de berbigão. Também chamado de vôngole, esse molusco é comum na região litorânea de Santa Catarina. Bem lavada, a carne do berbigão é refogada com alho, cebola, sal e outros condimentos e está pronta para rechear o pastel.


Paraná


Pierogi: Pastelzinho trazido por imigrantes poloneses que se fixaram na região Sul do país. Normalmente é recheado com batata e ricota, mas pode ter outros sabores (repolho, chucrute, carne, cogumelos, espinafre, entre outros). Também tem a versão com recheio doce (frutas frescas, como cereja, morango, pêssego, ameixa, maçã), que serve como sobremesa. O pierogi é cozido e depois frito ou assado. Os salgados podem ser servidos com manteiga derretida, creme de leite, nata azeda, pedaços de bacon, cebolas e cogumelos. Os doces casam bem com calda de maçã.


Carne de onça: Considerado patrimônio cultural de Curitiba, esse quitute é bastante comum nos botecos da cidade. Tem parentesco com receitas como o hackepeter, prato típico alemão feito com carne crua moída e alguns temperos. A versão que ganhou fãs entre os paranaenses é feita, em geral, com carne magra e sem nervos, temperada com pimenta-do-reino, sal, azeite de oliva, cebola fatiada fininha, cebolinha e alho. Alguns lugares acrescentam páprica doce e conhaque. Bem temperada, essa carne é servida sobre broa preta (um tipo de pão escuro). A origem do nome tem várias versões. A mais aceita diz que a palavra “onça” remete ao hálito pouco agradável de quem come o petisco carregado de alho e cebola.


REGIÃO SUDESTE


São Paulo


Bauru: Esse clássico da capital paulista nasceu na lanchonete Ponto Chic, nos anos 1930. Reza a lenda que um cliente da casa, Casimiro Pinto Neto, um estudante de direito do Largo São Francisco, deu as instruções ao encarregado da cozinha para montar um sanduíche diferente: rechear um pão francês sem miolo com rosbife, pepino em conserva, tomate e queijos gouda e estepe derretidos e fundidos. Os outros fregueses gostaram da ideia e começaram a pedir o “lanche do Bauru”, em referência à cidade natal de Casimiro. Com o tempo, o lanche se popularizou com presunto e queijo fatiados, mas ainda hoje a versão original é feita pela tradicional lanchonete Ponto Chic.


Buraco quente: É outra delícia que tem como base o pão francês sem miolo. Nesse caso, ele é recheado com carne moída, que pode ser incrementada com molho de tomate e queijo.


Carne louca: Outra versão do buraco quente, também feita com pão francês. Nessa receita, a carne, normalmente lagarto, é assada e depois desfiada para virar recheio.


Lanche de pernil: Esse é um hit muito procurado nas barracas em volta de estádios em dias de jogo de futebol ou grandes shows, mas a receita original nasceu na lanchonete Estadão, no centro da capital paulista. O pão francês crocante abraça uma generosa porção de pernil assado desfiado, bem condimentado, com cebola e tomate verde fatiados. Outras versões incluem pimentão. Se preferir, o cliente pode pedir a adição de queijo.


Rio de Janeiro


Bolovo: Um dos quitutes mais famosos dos bares boêmios cariocas é na verdade uma ideia importada da Inglaterra. Ele bebe na fonte do “scotch egg”, ou ovo à escocesa, salgado bastante popular em Londres. É composto de um ovo cozido, envolto numa camada de carne (de vaca ou porco) moída, empanado na farinha de rosca e frito. No Brasil, em geral, a carne moída fica sob uma camada de massa como a usada para fazer coxinhas e risoles.


Biscoito de polvilho: Crocante e levinho, o biscoito de polvilho é uma instituição carioca. Nas versões doce e salgada, é um lanchinho irresistível, especialmente se vier acompanhado de mate geladinho. A marca Globo (uma referência ao nome da padaria onde era feito) é a mais famosa.


Minas Gerais


Pão de queijo: Apesar do nome, o quitute está mais para um biscoito. Acredita-se que ele derivou da chipa, receita que surgiu no século 19 nas missões dos jesuítas unindo conhecimentos culinários europeus e indígenas. Não se sabe ao certo como o brasileiro começou a fazer essa adaptação. Certa mesmo é a identidade de quem tornou o pão de queijo famoso, a partir na década de 1960. Trata-se da mineira Arthêmia Chaves Carneiro, cujo rosto virou marca registrada da rede Casa do Pão de Queijo, que foi aberta por seu filho, Mário. O segredo do pãozinho famoso está no casamento perfeito entre o polvilho (doce ou azedo), o queijo e o ovo, que o torna ainda mais saboroso e contribui com a coloração.


Pastel de angu: Essa delícia nasceu bem antes de os pastéis de farinha de trigo caírem no gosto dos brasileiros. A versão de angu foi criada na zona rural do município de Itabirito, na região metropolitana de Belo Horizonte, no século 19. A invenção é creditada a escravas da Fazenda dos Portões. Elas faziam o salgadinho moldando restos de angu de fubá recheado com sobras de guisado de carne. A receita foi incorporada pelos donos da fazenda e ganhou fama como iguaria mineira.


Espírito Santo


Torta capixaba: Apesar do nome, essa delícia está mais para uma fritada de frutos do mar. Por isso, embora seja consumido o ano inteiro pelos capixabas, é presença obrigatória nas mesas da Semana Santa. A base reúne um mix de peixes e frutos do mar cozidos e desfiados: siri, caranguejo, camarão, ostra, sururu, badejo e bacalhau. Completam a receita palmito, cebola, alho, pimenta, azeitona, limão e ovos. Uma deliciosa tradição que nasceu há mais de 400 anos nas comunidades litorâneas do estado.


Muxá: Prato doce que parece um bolo granuloso e bem úmido. O ingrediente principal é a canjiquinha do milho, que ganha a companhia de leite, leite de coco, coco ralado, açúcar e cravo-da-índia. Tudo é cozido até ganhar uma consistência macia e engrossar bem. Então, basta dispor numa travessa molhada e esperar esfriar para servir.


REGIÃO CENTRO-OESTE


Mato Grosso


Bolinho de arroz: Um dos quitutes mais tradicionais da culinária cuiabana, esse bolinha é preparado com farinha de arroz (de preferência artesanal, feita depois de os grãos terem ficado de molho por algum tempo), misturada com mandioca ralada, manteiga (ou banha), açúcar e leite. Algumas versões são acrescidas de coco ralado e sementes de erva-doce.


Francisquito: Biscoitinho simples em formato de coração, mas muito saboroso. Ideal para acompanhar um cafezinho. Tem massa a base de farinha de trigo, açúcar refinado, ovos, manteiga, uma pitada de sal, fermento e raspas de limão. Alguns incluem também sementes de erva-doce e canela em pó.


 


Mato Grosso do Sul


Pudim de peixe: Apesar do nome, trata-se de um prato salgado feito com sobras de peixe refogadas e bem temperadinhas, combinada com uma mistura de pão hidratado com leite e gema de ovo e claras batidas em neve à parte.


Furrundu: Doce de mamão verde ralado feito com rapadura derretida e temperado com canela, gengibre e cravo-da-índia.


Chipá-guaçu: Espécie de bolo salgado feito de milho verde batido, leite, ovos, queijo caipira curado e cebola. Tradição importada do Paraguai, que faz divisa com o estado.


 


Goiás


Empadão Goiano: Torta fechada com massa fininha. O destaque fica por conta do recheio abundante. O mais tradicional combina frango desfiado, azeitona, pedacinhos de linguiça artesanal e guariroba, uma espécie de palmito amargo típico do Cerrado.


NORTE


Acre


Baixaria: Merenda substanciosa que, dizem, surgiu nos seringais e acabou ganhando adeptos na região urbana do estado, tanto que é consumida com bastante frequência no café da manhã. Consiste num prato que combina carne moída refogada, cuscuz de fubá esmigalhado, ovo frito e cheiro-verde.


Quibe: O nome remete ao salgadinho feito com trigo integral, certo? Não, no Acre a receita é diferente. O recheio segue sendo de carne moída, mas a massa que o envolve foi adaptada. Pode ser feita de arroz ou mandioca. Para resumir, é mais um bolinho de arroz ou de mandioca com recheio de carne moída e com formato de quibe.


Rondônia


Torta de cupuaçu: Saborosa fruta típica da região amazônica, o cupuaçu tem parentesco com o cacau, com gosto muito próximo ao do chocolate. Por isso, é muito usado em tortas e doces. Nessa receita que faz sucesso entre os habitantes de Rondônia, a base da torta é uma massa comum. O segredo está no recheio, em que a polpa de cupuaçu é enriquecida com outros ingredientes, como leite condensado, creme de leite e ricota fresca.


Amazonas


X-caboclinho: Também conhecido como sanduíche de tucumã, um fruto nativo da floresta amazônica de cor alaranjada. Fruta em sanduíche? Sim, e, dizem os fãs, fica delicioso! Feito no pão francês, o x-caboclinho é recheado com lascas de tucumã, banana-da-terra frita e queijo coalho.


Tacacá: Esse caldo ralo, famoso em diversos estados da região Norte, era servido originariamente por tacacazeiras. É feito com camarões secos, folhas de jambu, goma e tucupi temperado.


Pará


Açaí: A polpa desse fruto típico da Amazônia ganhou adeptos pelo país inteiro. Nas regiões Sul e Sudeste, ela é consumida geralmente com banana e granola, entre outros complementos. Mas no Pará ela vira um lanche poderoso de outra forma: misturada com farinha de tapioca ou farinha-d’água, com ou sem açúcar. Também faz sucesso a versão salgada, acompanhando camarão ou charque frito.


Bolo podre: Comum em festas juninas ou em cafés e docerias de Belém, esse quitute tem uma peculiaridade: não vai ao fogo nem ao forno. Basta misturar bem os ingredientes: farinha de tapioca, leite, leite condensado, creme de leite, leite de coco e coco fresco ralado. Depois é só colocar a mistura numa fôrma untada, levar à geladeira por uns 30 minutos e está pronto. Em outras regiões do país uma receita parecida é chamada de cuscuz de tapioca.


Tocantins


Amor perfeito: Sequilho crocante por fora e macio por dentro. A receita tradicional surgiu há mais de um século na cidade de Natividade, região turística de Serra das Gerais. O biscoitinho que desmancha na boca é feito com polvilho doce, açúcar, manteiga e leite de coco. O segredo está no formato: a bolinha de massa recebe um corte em cruz no topo, com isso, depois de assada ganha a forma de uma coroa.


NORDESTE


Maranhão


Doce de Espécie: Tradição da cidade de Alcântara inspirada na herança culinária de portugueses da região de Açores, este biscoito lembra um bom-bocado. Com massa à base de farinha e manteiga, é recheado com cocada mole. Fica melhor ainda se acompanhado com uma geleia de frutas típicas da região (bacuri, buriti, murici, jaca, jenipapo, caju e cupuaçu)


Mingau de tapioca: Parecido com um curau de milho, é feito com tapioca, leite condensado, leite de coco e canela. Geralmente é consumido quente.


Piauí


Bolo frito: Apesar do nome, trata-se de um biscoito de goma frito em óleo vegetal que não pode faltar no café da manhã piauiense. O preparo é simples: basta misturar goma (polvilho), leite, óleo e queijo ralado e sovar para obter uma massa lisa e homogênea. O passo seguinte é moldar o biscoito em forma de trança, unindo um fio de massa ao outro, e fritar.


Bolo de Goma: Chamado também de rosca salgada de goma. A base da massa também é a goma, que é hidratada com leite fervido com óleo. Depois de esfriar, essa mistura recebe ovos e sal. É assada em fôrma com furo no meio.


Manauê: Receita portuguesa adaptada aos ingredientes locais, nada mais é do que um bolo de milho verde, com coco ralado e leite de coco e temperado com cravo-da-índia, erva-doce e gengibre. De preferência, deve ser assado em fôrma forrada com folha de bananeira.


Bahia


Acarajé: O bolinho de feijão frito no azeite de dendê é um dos quitutes mais famosos do tabuleiro das baianas. É servido recheado com camarão, vinagrete, vatapá (outro prato típico baiano à base de pão amolecido e camarão seco) ou caruru (creme de quiabo)


Bolinho de estudante: Sua massa é feita com tapioca, açúcar, leite de coco e coco ralado. Depois de frito, ele é polvilhado com açúcar e canela. Reza a lenda que o bolinho recebeu esse nome por ser um dos itens mais baratos do tabuleiro da baiana, o que o tornava mais acessível e popular entre os estudantes que não tinham muitos recursos.


Ceará


Cuscuz: Essa espécie de pão feita com farinha de milho e cozido no vapor é comum em todo o Nordeste. Pode ser consumido puro, umedecido com leite no café da manhã, mas frequentemente vira acompanhamento perfeito para carne-seca, ovos fritos e outras delícias.


Rio Grande do Norte


Ginga com tapioca: Muito consumida nas praias de Natal, essa iguaria une dois ingredientes típicos da região, a tapioca e o peixe ginga. Com cerca de 15 centímetros, o peixe é conhecido como manjuba ou manjubinha em outras regiões do país. Frito em azeite de dendê bem quente, fica crocante e muito saboroso. Depois basta fazer o disco de tapioca e recheá-lo com ginga frito.


Paraíba


Mungunzá: Doce feito com milho, leite e açúcar e temperado com canela, cravo-da-índia e, em algumas variações, com caldo de cana. Em outras regiões do país, preparo similar é chamado de canjica.


Pernambuco


Bolo de rolo: Declarado patrimônio cultural e imaterial de Pernambuco em 2008, esse bolo é feito com finíssimas camadas de massa de pão de ló, entremeadas com lâminas de goiabada cremosa. Foi inspirado num bolo português conhecido como “colchão de noiva”, também enrolado, mas com nozes no recheio.


Bolo de rolo

Bolo Souza Leão: O nome remete à família que criou a receita. Tem a consistência de um pudim mais firme, feito à base de massa puba de mandioca (fermentada), leite de coco, açúcar, manteiga e gema de ovo, que entra em boa quantidade, razão da cor amarelinha do bolo. A mistura delicada deve ser assada em banho-maria.


Cartola: Uma delícia de preparo rápido e prático. Leva banana frita na manteiga (de garrafa, para os mais tradicionais), por cima vai queijo de coalho tostado. Para finalizar, basta polvilhar com uma mistura de açúcar e canela em pó.


Alagoas


Bolinhos de Maragogi: Típicos de uma das praias mais bonitas do litoral brasileiro, os bolinhos de goma ou broinhas são preparados com leite de coco, amido de milho, manteiga, açúcar e gema de ovo.


Batata-doce com leite de coco: Um preparo inspirado na tradição tailandesa, esse lanchinho reúne purê de batata-doce, leite de coco, açúcar e manteiga. Algumas versões adicionam leite condensado e creme de leite.


Passaporte: Sanduíche muito popular em Maceió, que se destaca pelo tamanho, suficiente para duas pessoas. É feito no pão seda, macio e adocicado. O recheio é generoso: salsicha, carne moída, frango desfiado, queijo ralado, molho de tomate, milho, ervilha, tomate picado, ketchup e mais o que o cliente desejar.


Sergipe


Suco de Mangaba: Essa é a fruta mais consumida na capital do estado. Com mangaba se faz quase tudo: sorvete, doce, geleia e suco! Portanto, quem vai a Aracaju não pode sair de lá sem sentir o seu gostinho. O suco é muito saboroso e complementa bem qualquer lanche.


Bônus: duas delícias comuns no Brasil inteiro


Tapioca: Espécie de panqueca feita com goma de mandioca, a tapioca tem origem indígena. Muito popular no Nordeste, nos últimos tempos ganhou adeptos também em outras regiões do país. Os puristas a consomem temperada apenas com manteiga de garrafa. Quem prefere um lanche mais substancioso pode optar por uma infinidade de recheios, doces ou salgados.


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Pamonha: O nome deriva da palavra tupi pa’muñã (que pode ser traduzida como “pegajoso”). Muito comum nos estados do Nordeste e Centro-Oeste, também é apreciada no Sudeste. É feita com milho verde ralado (ou batido no liquidificador), misturado com leite de coco (ou de vaca), açúcar, manteiga, canela e erva-doce. Quem preferir a versão salgada, pode substituir o açúcar pelo sal. O resultado é uma massa encorpada, que é colocada em tubos feitos com a palha do milho. Depois de ter as extremidades amarradas, esses tubos são cozidos até que a massa ganhe consistência firme e macia.

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