Prevenção do câncer: o que entra no prato faz toda a diferença

Prevenção do câncer: o que entra no prato faz toda a diferença

As pesquisas são unânimes em afirmar que o estilo de vida é um dos principais fatores para o surgimento de doenças como o câncer. Portanto, cuidar da qualidade da alimentação, praticar atividade física e buscar manter o peso adequado é essencial para a manutenção da saúde e a prevenção do surgimento das diferentes manifestações dessa enfermidade.


E como os alimentos entram nessa equação da boa saúde? Os estudos mostram que eles contêm compostos que, se consumidos regularmente, diminuem o risco de desenvolver tais enfermidades. Eles estão presentes principalmente em frutas, verduras, legumes e grãos integrais. São nutrientes que também contribuem para o bom funcionamento do intestino, a redução dos níveis de colesterol, o controle da glicemia e o aumento da saciedade. Pelos benefícios que oferecem, a recomendação é que sejam consumidos diariamente, pois são boas fontes de vitaminas, minerais e fibras. A indicação é que ocupem pelo menos 2/3 do prato. De preferência, devem ser consumidos crus ou, se possível, cozidos no vapor.


O poder de reduzir o risco do aparecimento de doenças está relacionado a algumas substâncias (compostos bioativos ou fitoquímicos) presentes nesses alimentos, como mostram alguns exemplos na tabela a seguir:



Fonte: “Narrative Review about Importance of Nutrition on Survivors and in the Prevention of Cancer”. Lopes, GG; Oliveira, RG; Piovacari, SMF; Leung, MCA; Toledo, DO; Barrere, APN. Brazilian Journal of Oncology. 2019;15(0):1-8. No link: https://www.wcrf.org/dietandcancer/resources-and-toolkit#accordion-1


Sinal de alerta


Além de abrir mais espaço no prato para alimentos que podem fortalecer o organismo contra enfermidades, é preciso também tomar cuidado com determinados hábitos alimentares que podem estar associados ao aumento do risco de câncer. Veja alguns exemplos:


- Excesso de gorduras ou presença de gorduras trans na dieta.


Presentes principalmente nos alimentos industrializados, sob o nome de gordura vegetal hidrogenada, a gordura trans contribui para elevação dos níveis de LDL colesterol (o ruim) e diminui os níveis de HDL colesterol (o bom), aumentando o risco de doenças cardiovasculares. Recomenda-se diminuir o consumo de alimentos que contenham essas gorduras, tais como sorvetes, biscoitos e margarinas. É recomendado também limitar a ingestão de gordura saturada, presente em carnes de boi e cordeiro, miúdos (fígado, coração) e leite integral e seus derivados.


- Consumo em excesso de carne vermelha


O consumo excessivo de carne vermelha pode elevar o risco principalmente de ocorrência de câncer colorretal. Por isso, a orientação dos especialistas é de limitar o consumo desse alimento a duas ou três vezes por semana e dar preferência a peixes, ovos e proteínas vegetais.


- Inclusão de carnes processadas no cardápio habitual


Existem evidências de que a ingestão frequente de carnes processadas pode causar câncer colorretal. Estão nesse grupo carnes (de porco, boi, aves, vísceras) que tenham sido transformadas através de salga, secagem, fermentação, fumo ou outros processos para realçar o sabor ou melhorar a conservação. São exemplos: salsichas, presunto, peito de peru, carnes defumadas, enlatadas, carne-seca, charque ou preparações e molhos que tenha como base carnes processadas. Evite o consumo desses produtos.


- Abuso na ingestão de álcool


O consumo excessivo de bebidas alcoólicas está associado ao desenvolvimento de cânceres de cavidade oral. Além disso, vários estudos têm mostrado relação também com o câncer de mama, embora essa ligação ainda não esteja clara. Mesmo assim, as recomendações dietéticas sugerem às mulheres que evitem ou limitem o consumo de álcool (uma porção por dia, ou seja, 350 ml de cerveja, 140 ml de vinho ou 40 ml de bebidas destiladas). Vale ressaltar que as bebidas alcoólica podem interferir nos níveis de açúcar no sangue e no cérebro, reduzir os níveis de magnésio e vitaminas do complexo B. Prefira o consumo de sucos naturais, água de coco, água e chás.


- Adição excessiva de açúcar e sal à dieta


Recomenda-se o uso moderado desses dois produtos. Dieta rica em açúcares e doces fornece muitas calorias e poucos nutrientes, favorece o ganho de peso e aumenta o risco de desenvolver doenças como o diabetes. O uso abusivo do sal pode causar problemas como hipertensão arterial e retenção de líquidos.


Checklist saudável


Para finalizar, vale ficar de olho nesses dez passos na prevenção do câncer através da alimentação:




  1. Conserve o peso corporal dentro dos limites recomendados.

  2. Mantenha-se fisicamente ativo como parte da rotina diária.

  3. Limite o consumo de alimentos com alta densidade energética. Evite bebidas açucaradas.

  4. Consuma principalmente alimentos de origem vegetal.

  5. Limite o consumo de carne vermelha e evite as processadas.

  6. Limite o consumo de bebidas alcoólicas.

  7. Limite o consumo de sal.

  8. Tenha como objetivo o alcance das necessidades nutricionais apenas por meio da alimentação. Evite a suplementação de vitaminas e minerais de forma indiscriminada.

  9. As mães devem amamentar; as crianças devem ser amamentadas.

  10. Siga as recomendações de prevenção de câncer pós-tratamento (Survivor).


Referências


Lopes, GG; Oliveira, RG; Piovacari, SMF; Leung, MCA; Toledo, DO; Barrere, APN. “Narrative Review about Importance of Nutrition on Survivors and in the Prevention of Cancer”. Brazilian Journal of Oncology, 2019;15(0):1-8


Acessado em 05mar2020 https://www.wcrf.org/dietandcancer/resources-and-toolkit#accordion-1


Horie, LM et al. “Diretriz Braspen de Terapia Nutricional no Paciente com Câncer”. Braspen Journal. 2019; 34 (Supl 1):2-32.


Consenso nacional de nutrição oncológica. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Pinho, NB (org.) – 2ª ed. rev. ampl. atual – Rio de Janeiro: INCA, 2016. 112p. : Il. ; v. 2.


Resumo. Alimentos, nutrição, atividade física e prevenção de câncer: uma perspectiva global. trad. Athayde Hanson Tradutores. Rio de Janeiro: INCA, 2007.12p.


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