Formação de hábitos e preferências de 0 a 2 anos de idade

Formação de hábitos e preferências de 0 a 2 anos de idade

Cada etapa da vida tem suas peculiaridades e isso tem reflexos na alimentação. As práticas alimentares adotadas pela família constituem um marco importante na formação dos hábitos e preferências de 0 a 2 anos de idade da criança.


A forma de oferecer e a variedade de alimentos apresentados à criança nesta etapa terão influência na formação do seu paladar e em sua relação futura com a alimentação.


Veja também:


-A chef Carol Fiorentino ensina a fazer caldinho de legumes, base para as primeiras comidinhas do bebê


https://www.youtube.com/watch?v=J0yIGs2MA40

Portanto, é fundamental seguir orientações como as apresentadas pelo Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos, do


Ministério da Saúde (veja também o blog que fizemos sobre o passo a passo para introduzir a alimentação complementar dos bebês, na Mesa Clínica Einstein: Alimentação Infantil):




  • Até os seis meses de vida, o bebê deve alimentar-se apenas com o leite materno. Não há necessidade de oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos. A oferta de outros alimentos antes dos seis meses pode prejudicar a absorção de nutrientes como ferro e zinco, presentes no leite materno, que são importantes para essa fase.

  • A partir dos seis meses, a recomendação é introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade. Nessa fase, a escolha dos alimentos merece atenção especial, pois é quando os hábitos alimentares estão se formando. O papel da família é de grande importância. Cabe aos adultos oferecer alimentos saudáveis e adequados e às crianças fazer suas escolhas dentre eles. O envolvimento das crianças na escolha dos alimentos e no preparo das refeições deve ser estimulado.

  • Nessa fase, se a criança recusa algum alimento, este não deve ser descartado logo de cara. Os pais devem reapresentá-lo à criança em outro momento, mas sem forçá-la a comer. Quando mais um alimento é exposto à criança, maiores são as chances de ela vir a aceitá-lo.

  • A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança. Horários rígidos para a oferta de alimentos prejudicam a capacidade de a criança distinguir a sensação de fome e saciedade após a refeição, característica imprescindível para a nutrição adequada, sem excessos ou carências. No entanto, é importante que o intervalo entre as refeições seja regular (de duas a três horas). Também é importante evitar comer nos intervalos, para não atrapalhar as refeições principais. Não ofereça comida ou insista para que a criança coma quando ela não estiver com fome.

  • Estimule o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. A criança não deve “experimentar” todo tipo de alimento: deve-se evitar açúcar, café, enlatados, frituras, macarrão instantâneo, salgadinhos, refrigerantes, doces, sorvetes, biscoitos recheados e outros. Não se deve adicionar sal no preparo da alimentação complementar para lactentes. Podem parecer medidas simples, mas são essenciais na formação dos hábitos e preferências de 0 a 2 anos de idade.

  • Para suprir as necessidades nutricionais de 0 a 2 anos de idade, no período de introdução alimentar a qualidade nutricional é de extrema importância. No primeiro ano de vida, com o crescimento acelerado, a necessidade de algumas vitaminas e minerais é elevada. A exigência de ferro e zinco aumenta muito além da quantidade proporcionada pelo leite materno. Entre 50% e 70% do zinco e 70% e 80% do ferro devem vir de fontes complementares por meio da alimentação.

  • Para crianças alimentadas com fórmulas infantis no lugar do aleitamento materno, a introdução de alimentos não lácteos deve ocorrer no mesmo período a partir dos seis meses de vida.

  • Alguns cuidados devem ser observados na etapa de introdução aos novos alimentos, visando ajudar o aprendizado: a criança deve comer junto à família, num prato somente para ela; deixe-a livre para segurar ao alimentos e utensílios; varie as cores da apresentação dos alimentos, um prato bonito, colorido, cheiroso e saboroso motiva a criança a comer; interaja com ela, diga sempre o nome dos alimentos que ela está comendo; dedique tempo e paciência aos momentos da refeição do seu filho; parabenize e elogie quando ele consumir os alimentos/refeições.

  • Algumas atitudes devem ser evitadas, como: forçar a criança a comer; oferecer atrativos como TV, celular, tablete enquanto ela come; alimentá-la enquanto ela anda e brinca pela casa; esconder alimentos que ela não gosta no meio da preparação para fazê-la comer sem perceber.

  • Não utilize frases do tipo: “Se raspar o prato todo, vai ganhar sobremesa!”; “Vou ficar triste se você não comer!”; “Se você não comer, não vai brincar!”; “Por favor, só mais uma colherzinha!”

  • Por fim, fique atento e guie-se pelos sinais de fome e saciedade da criança.


Referências:


Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos.


Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. Brasília, 2019.


Manual de alimentação: orientações para alimentação do lactente ao adolescente, na escola, na gestante, na prevenção de doenças e segurança alimentar. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. 4ªedição. São Paulo, 2018.


Thousand days. Why 1000 days. Washington, DC: Thousand days; 2018.

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